
Pode ser um reencontro...ou uma despedida?...a chegada é sempre um surprêsa e a partida é sempre um desafio; Pois que o nos espera é desconhecido, para ambas.
As encostas vão ficando ao longe...outro pôr do sol nos espera, outras alvoradas, outros sorrisos e outras paradas em vários portos, o que caracteriza um encontro de nós com algo que ainda não conhecemos. Na jornada levamos o essencial: um pouco de coragem, outro de bom humor e claro, um sorriso especial para essas ocasiões...tudo devidamente guardado dentro de nossa caixa temporal.
A imagem que guardamos é a todos que conhecemos; Suas frases, seus receios, seus sonhos...E o vento...vento soprando e nos empurrando a frente, como que nos dizendo ao ouvido: "Segue o caminho, nada tens a temer...apenas segue, és só um homem no mundo..."
E a partida se torna um outro encontro, onde quem nos recebe é outra pessoa, mas com traços marcantes de quem já conhecemos.
Deixamos para trás alguns sonhos desfeitos, poucos inimigos e um pequeno mas bom motivo para voltar um dia. E a gente chega, outro lugar, outra realidade, mas sempre você está lá, o que o torna quase feliz...felicidade que se realiza na chuva que agora cobre o oceano, trazendo uma lembrança quase apagada, do vaso de flôres que ficou pra fora.
Posso dizer que é uma força da natureza a vontade que temos do encontro, que aliás, é uma arte!
Encontro da ida e da volta...a arte de ver além, e usufruir de um olhar...penetrante, desvendando seu íntimo e devorando o que você contém.
Mas o vento continua a soprar seus segredos...agora ele nos diz: "...pare pelo menos alguns minutos e olhe em volta...não convém seguir rápido demais pois não temos a capacidade de ultrapassar a nós mesmos..."
E nós olhamos em volta...e sentimos o movimento...indo e voltando...ficando um pouco, para seguir logo e olhando bem nos olhos, para guardar o momento e levar algo para o futuro.
O futuro...lugares que desenhamos e aguardamos...alternativos, desconhecidos, desafiadores...e sempre conhecido, sempre com um ponto de referencia para nossas viagens.
E nos encontramos...lá ou cá...chegando ou partindo...onde a única certeza é a imagem que guardamos na caixa temporal, onde o único portal está ainda trancado, mas pronto a receber quem não, por engano ou arrogancia, tiver esquecido a chave.
E claro, existirá sempre o retôrno...o eterno e inescapável pôrto onde você se encontra, numa ponte com seu guarda chuva, aguardando quem chega de algum lugar conhecido.
Um comentário:
Muito bom Alcantarilla! Seus contos tem o poder de me levar a lugares e momentos que já vivi, e quando não, me remetem a instantes mágicos, únicos! principalente agora com o tempo mudando, garôa caindo, friozinho chegando...parabéns, gosto muito de seu estilo. beijo.
Postar um comentário