Você já esteve num cais, sozinha e olhou ao longe?
Descrevo a impressão como se fôsse uma espera, um momento de confôrto, como se o que surgisse pudesse renovar o tempo.
Aqueles momentos...você passeando em seu carro e olhasse de repente para alguem no ponto de ônibus, solitário.
Uma praça deserta, onde surgisse uma pessoa, e olhando pro céu, resmungasse algo incompreensível...pelo menos ao seu ouvido.
Uma viagem de trem, e ninguem ao seu lado, apenas pessoas e mais pessoas, sem conexão alguma, mas todas elas existindo em seu momento...aquele momento: onde olhar pela janela do trem, é todo o mundo que voce quer enxergar.
O grito de vitória ao saber que o que voce queria aconteceu;Olhar para os lados e ver que todos em volta repararam em seu grito, mas não entenderam...e pior, voce ficou constrangida.
Eu sei que você vê as pessoas. Sei que você está com as pessoas. Talvez saiba mais.
Mas, você já esteve numa esquina qualquer, e de repente, percebeu que esperava algo?
Já olhou pela janela?
Já chutou a quina de sua cama e xingou sózinha?
Já ficou olhando o aquário?
Imaginou a solidão de Abrahão em sua decisão?
E o que direi daqueles que chegam de volta e não encontram ninguem a esperar?
Ou, claro que encontram, mas...falta algo!
Ouvir o rádio de madrugada. Pular de paraquedas. Decalamar um próprio poema. Ouvir sua voz.
Você já se colocou em seu lugar?
