Kayla me escreveu esta semana. E ela me relatou que coisas acontecem.
Palavras num papel que contam de noites de insônia, onde sua certeza do amanhã era só um grito de socorro.
Uma incerteza de tamanho monstruoso, intereferindo nos pensamentos e pondo de lado qualquer sentido de compreensão.
Ela me conta das pessoas estranhas que encontra durante o dia; pessoas com o estranho hábito de querer conversar sobre qualquer assunto; pessoas que a interrompem no meio do trabalho para contar-lhe uma pequena vitória; pessoas que sorriem muito, e que mostram uma irritante vontade de seguir em frente.
Uma delas lhe pediu uma palavra de confôrto para um dia chuvoso, outra lhe pediu a mão para um carinho descompromissado e outra ainda encostou a cabeça em seu ombro e chamou-a de irmã...
Kayla sentiu-se indefinida.
Pelo tempo que vive confinada em sua vida; por tantos momentos sem sentido com pessoas medianas, pelo gosto amargo que existe por trás de um convite temporário para ser amada.
Kayla não entendeu os sinais...ainda.
Para ela não há nada além das coisas...para ela não há montanhas a serem vencidas nem cavernas a explorar-se.
Kayla me diz que apenas vive...que crime há nisso?
Não sei, minha cara, gostaria de te dar uma resposta, mas sinceramente não sei.
Quantos caminhos voce trilhou até chegar a essa conclusão?
Quem foram seus acompanhantes? Alguem te ajudou com a bagagem?
Quais livros voce leu? Que mestre você ouviu? Quem te deu o manual de instrução?
Kayla me diz de seu sonho: Ter um barco grande e poder viajar pelo mundo visitando os países do oriente...e só!
Uau Kayla...u-a-u!!!...e depois de ter conhecido tudo isso, o que voce pretende fazer? Afundar o barco e se jogar aos tubarões?
Porque, pelo jeito, seu sonho realizado seria o fim de suas aspirações...certo?
Mas o lance, pequena Kayla é o seguinte: tem sempre o depois.
Pois é menina..."o depois" é o segredinho que ninguem ainda entendeu...é...
Voce fica seguindo os dias, e nem vê o que passa pelos seus lindos olhos; Você programa o que vai acontecer pra voce mesma e nem percebe "quem" vai aparecer; voce fecha os olhos e quando abre nem se toca que tá tudo igual a antes.
E confesso que passar uns tempos no mar não devia ser objeto de desejo de ninguém...
O que posso dizer a você?...
Faz o seguinte: pega a quantia que voce guardou e vai fazer uma viagem até um desses países do terceiro mundo...visite seus monumentos históricos e dá uma olhada em volta...veja seus habitantes e na viagem de volta, seja de navio ou avião, ou pedalinho, sei lá...pense um pouco se realmente voce saiu mesmo do seu lugar, ou apenas trocou de paisagem.
Ahhh, caso voce se pergunte o que eu quiz dizer com essa frase, fique tranquila, foi isso mesmo que voce pensou.
