Percebí que já passei mil vzs nessa rua. Nessas mil vzs, pelo menos 980 olhei pra sua janela.
Não encontrei sinais nem certezas esperadas. Na verdade, nas ultimas 20 vzs foi apenas teimosia.
Nem uma luz acesa. Fato que me levava a crer que voce se escondia lá dentro, fugindo de algo com vontade de ser eu.
Engraçado pensar nisso. Creio ter parado algumas vzs. Olhava em direção ao 12o andar e ficava contando as horas perdidas. Horas que me lembravam seu sorriso e não ficava nem um pouco alegre. Horas despejadas em meu tempo, que não cheguei a aproveitar.
E olhe que nem me lembrei de já ter subido. Que conhecia cada espaço do elevador, preso entre paredes, subindo até voce.
A cidade aos poucos me engoliu. Engasgou, verdade, mas engoliu. E não tive paciencia pra te procurar. Nem te ví se perder pelas ruas, nem pude segurar sua mão, apesar de voce não ter me pedido.
Fui deixando as primaveras de lado. Do verão, entendo pouco. Fiz minha casa no outono e passeio pelo inverno.
A única certeza que me sobrou foi a de que voce era distante. Por motivos conhecidos só por ti.
Mas perfeitamente encaixados no meu universo.
As ruas se estendem, deixando mais longe uma pequena vontade de parar mais uma vez. Não te vejo mais nas pessoas que lá entram. Não te busco mais.
Sei que estou abrindo mão dos seus cabelos, suas mãos e seus olhos. Mas...a gente tem alma, não?
Fique aí. Não sei se eternamente. Mas mesmo que voce não more mais nesse local, ainda terei o edificio. Mas, fique tranquila, não vou subir...A rua, ninguem poderá esconder.

Um comentário:
grande alcântara, é poesia na prosa total. figuras poéticas sensacionais, parabéns.
paulo gimenes
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