
Ela volta pra casa mais cedo. A casa está no mesmo lugar...ufa!
Gira com preguiça a chave na fechadura, da alguns passos na entrada e olha em volta.
Não...definitivamente não há nada fora do lugar.
Ela volta pra fora da casa. Senta na varanda e olha a rua deserta...DESERTA?...Sim...sim, afinal algo fora do comum. Mas...ora...eis que surge um "ser" subindo a "sua" rua na maior alegria. Olha-o com desânimo, mas não o despreza.
Volta pra dentro da casa. Senta no sofá branco, largo e confortável...mas solitário.
Fica olhando o telefone cinza por alguns minutos(ela sempre acreditou que se olharmos algo por um bom tempo ele age por si só) e desiste afinal.
Levanta-se calmamente, ruma em direção ao quarto mas depois percebe que pode se despir ali mesmo. Olha-se. Faz caras e bocas. E repete seu jeito mil vezes, como que para se auto afirmar perante uma platéia invisivel. Quando enfim se cansa, vai ao seu quarto. E percebe que todos os quartos da casa são seus. Menos aquele onde dorme. Não sabe o motivo, mas desde um dia, desistiu de dormir num quarto só. Estranho?...sim!
Olha pela milesima vez o relógio. Pensa uma bobagem qualquer. E senta-se novamente.
Nao resiste. Olha o relógio mais uma vez e percebe que só se passaram 5 minutos desde que chegou. Sente um cansaço rápido. Afoba-se inexplicavelmente. Levanta e vai até o banheiro. Molha o rosto. Respira fundo. Enxuga-se.
Volta a sala e revê algumas lembranças espalhadas na mesinha do centro. O que é aquilo?... pensa ela. Uma foto antiga, nada mais. Mas a segura por um longo tempo.
Resolve sair...vai até o quarto e troca-se, ou melhor, veste-se, pois lembra que estava nua. Tenta sair do quarto, o relógio desperta. Olha para ele e percebe que não é o relógio, é o telefone. Já estou confundindo as campainhas, pensa ela.
Atende. Alguem do outro lado lhe fala algo sem importancia. Ela concorda sem pressa. Segura a pessoa do outro lado na linha e fala algo sem sentido. A pessoa concorda e desliga de pronto, quase que rudemente. Ela desiste de sair. E sente medo.
Olha a rua novamente e já é noite. Deserta. Apenas os faróis de um carro no fim da rua a fazem sentir-se em casa. A casa que está no mesmo lugar. Ela não!
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