
Voar é bom...as vezes voce vai ali ou mais além, e as vezes desaba em algum lugar meio estranho.
Voce resolve fugir de tudo, encantar outra platéia e ao fim da performance, percebe que ficou perdido sem destino...e pior: sem comunicação com viva alma.
As vezes acontece.
Por incrível que possa parecer, não é o fim do mundo(ou é?), diria que é apenas o começo de uma atrapalhada aventura, só isso.
Tudo pode começar com uma palavrinha mágica de alguem muito bacana que voce conhece; E daí, tudo pode acontecer.
Voce sai, anda várias horas sem destino e não chega a lugar algum, certo?
Duvido que voce nunca agiu assim.
Tenta se aproximar de pessoas diferentes, falar coisas diferentes e claro, acaba fazendo coisas...digamos, meio diferentes, se é que me entende.
Não compreende o que rolou, desata a contar sua história pra alguem que só quer sua companhia e num dado momento, cai a ficha: tá pagando o maior mico, tipo o coitadinho da cidade, né?
E o mais ridículo de tudo é que nem a pessoa que voce acabou de conhecer tá entendendo o que voce falou.
E pensar, por um momento, que voce imaginou rapidinho, mas imaginou, estar subindo um degrau na escala de evolução da sua relação...há...há...há...
E aí, as geleiras aparecem, os desertos ficam aparentes e as distancias, ah, essas então, nem vou dar um adjetivo.
Sai dali com a sensação de nem saber onde fica seu lugar de origem; Os caminhos parecem todos iguais e o futuro...apenas uma velha imagem vista num catálogo turistico.
A única certeza é de não querer virar comida de um urso que procura alimento ali pertinho.
Medo de predadores é o que nos move pra frente desde a mais remota época da humanidade e não a vontade de conhecer o desconhecido, pode ter certeza, pelo menos mais essa.
E, melancólica se torna a volta; Após achado o caminho, voce não sabe se quer mesmo isso.
Mesmas paisagens...mesmas imagens de vultos que apenas são intérpretes de papeis coadjuvantes num filme de terceira categoria.
E a voce...resta apenas decorar a próxima fala e chegar triunfal ouvindo a clássica pergunta:
"Pô! onde voce andou?"
Um comentário:
Quando li esta postagem,me lembrei logo daquela música do Pichinguinha que diz; “deixe-me ir preciso andar vou por aí à procurar,rir pra não chorar...e se alguém vier me perguntar diga que eu só vou voltar,quando eu me encontrar...”confesso que das crônicas que escreveu,esta foi a que me pareceu mais simples,e por ser tão simples torna-se descomplicada e me sugere algumas provocações filosóficas,por exemplo,quais são as origens da queixa,senhor escritor?Qualquer que seja ela,a da solidão,a de que o mundo é medíocre às vezes,e a de que as pessoas necessitam subverter mais e não somente ser diferentes,como fazer a diferença.A base da queixa,é a dor,pode não concordar comigo,porém as coisas viram sintomas em nós,como o individualismo,conseqüência de uma série de questões embora não acredito que seja o melhor caminho,e visto como sintoma e se brincarmos um pouco com esta palavra teremos;SINTO MAL,o que não é nada bom,pois acabamos não só vendo predadores,como virando predadores de nós mesmos,pois a cada gesto incompleto,a cada som desgovernado da alma,a cada amargura super valorizada,acabamos por nos boicotar mais uma vez,acreditando é lógico que estamos nos defendendo.E a consequência é inevitável,as geleiras.Nas palavras de Lya Luft, “...vai chegar o dia em que,olhando para trás,não seremos perdoados pelo desperdício,e que no breve espaço de nosso tempo a gente consiga quebrar algemas,abrir-se para a vida,que nem sempre é mesquinha;e que nem sempre nos trai...”e a minha esperança,senhor escritor, é que deixando o lugar da queixa passemos para o lugar de desejantes.À você,querido Marcos,um pouco de areia na sua praia...Beijo,Suzi
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