domingo, 23 de março de 2008

Lembranças #1

O único habitante além de mim aqui nesta casa é um cachorro...aliás: Tic...é como chamam pelas ruas...ele vem aqui uma vez ao dia...comer, claro. Mas ele não vive aqui...é livre, como todos deveriam ser...e aproveita para ficar ouvindo minhas conversas solitárias por algumas horas...fato que o tornou por um bom tempo, a unica testemunha das cronicas. Tic vive aqui e ali, é um border collie, preto e branco, com uma mancha redonda no lado esquerdo do focinho. já deve ter uns 2 anos, e sua alegria está completa quando alguem vai atrás dele em suas corridas noturnas...saí algumas vezes...confesso que foi divertido...e ele me aceitou como amigo...coisa rara...reza a lenda que tic veio num barco todo avariado, que parou em Santorini para tratar a tripulação...mas o único sobrevivente, adivinhem...isso mesmo, sobrou só o tic.
e não é que a população acolheu o cachorro?...parece-me que estavam todos no maior tédio e precisando de uma boa lenda urbana. Mas como toda lenda urbana tem um lado sinistro, alguns dizem que tic é portador do vírus que matou a tripulação, e um dia vai espalhar o mal...aham...que bobagem...típico daqueles que não acreditam na alegria nata de alguns...para êsses, pessoas alegres e expontaneas deviam ser queimadas numa fogueira, digna da inquisição, aliás, se pudessem, restauravam a própria. Aqueles que, como colegas de trabalho, adoram depreciar o que voce faz, ou mesmo dizer quando voce deve ser voce mesmo. Aqueles, que como membros de sua familia, deixam sempre de lado duas opiniões nos momentos mais importantes e por último, aqueles, homens ou mulheres, parceiros em relacionamento, adoram fazer voce de bobo, jogando joguinhos típicos de adolescentes e querendo que voce entenda o que não tem como ser entendido...eu tenho um adjetivo pro tic: autêntico...ele vem, vai...come, dorme, se diverte, encontra amigos, faz amor, e o mais legal, ele sabe quem pode andar com êle, mesmo que isso signifique algumas vezes ficar só...hoje eu celebrei sua 38a. aparição...comemos e eu tomei vinho...ele não gostou ao provar, mas me fez companhia...e ao falar sôbre Aline, ele simplesmente levantou-se e se foi...se perdendo nas ruas a noite...bem, não sei se foi o assunto, mas sei lá...falar dela sempre foi complicado...até para um cachorro...mas acho que ele volta...e pode ter sido a musica que estava tocando numa rádio...nem sempre sou culpado de alguma coisa, apesar do mundo teimar nessa hipótese...ah, claro, a música(vcs gostam de saber)
Deep Purple: Hush

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